Travessa do Tranco ~ In Memoriam
O Pesadelo.
segunda-feira, 16 de abril de 2012 10:12 | 0 Comentários

Pela janela de vidraça quebrada, soprava o vento mais gélido que sentia. Os pêlos de seus braços se arrepiavam e suas bochechas ficavam na cor cereja. Corpos estavam jogados naquela sala com estofados antigos, armários bagunçados e vasos despedaçados. A lua iluminava aquela sala, já que o enorme lustre estava quebrado. Emylee olhava ao redor calmamente, arrastando seus olhos e observando os dois corpos que estavam empilhados em um canto, próximo a lareira e um quadro de um corvo. Aquela sala estava meio fedorenta, já que os demais corpos pareciam estar entrando em estado de putrefação, Emylee fez uma cara de nojo e colocou um lenço de seda para tapar o nariz.

Gael arrastava um corpo de uma criança que aparentava ter seus nove anos de idade, o menino estava coberto do seu próprio sangue, em sua garganta havia uma enorme ferida, como se alguém tivesse arrancando parte dela, seus olhos olhavam fixamente para um lugar, o ultimo que havia visto antes de morrer. Gael tinha um sorriso monstruoso no rosto. Emylee sentou-se em uma poltrona na cor verde musgo, próxima ao corpo de uma mulher, longos cabelos castanhos, a mesma olhava para o ultimo lugar que veria antes de morrer, em seus rosto haviam cortes profundos, seu antebraço esquerdo havia sido arrancando e na sua barriga... Não havia nada, já que ele estava totalmente aberta e seus órgãos arrancados.
- Acho que já deu. - Emylee abriu a boca pela primeira vez naquela noite.
Gael não respondeu, apenas arrastava o corpo de um homem, que estava sem o maxilar.
- Já chega Gael! Deixe os corpos por ai e vamos embora! - A loura levantou da cadeira indo em direção ao irmão.
No mesmo instante que Emylee levantou-se, Gael largou os pés do homem que arrastava e fico a observar o corpo do mesmo.
- Vamos embora ou seremos pegos. - Disse a irmã calmamente.
O jovem suspirou e virou o rosto ensanguentada para a irmã, Emylee afastou-se do irmão, ele não era o mesmo, seus olhos estavam em uma tonalidade perfeita de azul, pareciam absolutamente claros. O jovem tinha um corte comprido no canto da boca, seu lado esquerdo estava mais ensanguentado que o lado direto.
- Eu vou ficar! - Disse cuspindo sangue na irmã.
- Pare Gael, já chega disso! - Emylee sentia um aperto no peito, queria tirar Gael dali o mais rápido possível.
- NÃO! VÁ VOCÊ EMBORA! - Mais um vez o sangue foi cuspido e atingiu o rosto de Emylee.
Emylee não pensou duas vezes e saiu dali, mas primeiramente deu uma ultima olhada naquela sala que antes era a sala de visita do Casarão Mortlock, analisou cada corpo e reparou que a mulher que estava morta na poltrona que antes estava sentada era sua mãe Eleonora, e o homem que Gael arrastava era seu pai Bartolomeu.

~*~*~*~

Emylee abriu os olhos rapidamente, pela primeira vez, depois de determinados anos, seu olho lacrimejou e uma lagrima ousou escorrer pelo pálido rosto. A lagrima fez seu trajeto e caiu por fim no travesseiro de tonalidade pastel. O pesadelo que tiverá poderia acontecer, mas os personagens que havia visto, não eram os desejados e muito menos os que deviam morrer.

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